segunda-feira, 8 de junho de 2015

Meninos



I

Voa menino,
Navega nos céus
Semeia sonhos
Faz mundos risonhos
Com os olhos teus.
Constrói um castelo
Com ameias de mel,
Colhe flores em campos de azul.
Zomba dos amores
Ri dos desamores,
Que o mundo é só teu!
Combate os papões
Com o beijo da noite
E enche o teu pequeno peito
Com o rio da alegria,
Quando de manhã receberes
O beijo doce do bom-dia.
Faz do sol teu companheiro
E brinca com o mar,
Sabe que é com as ondas
Que se aprende a navegar.
A história que a areia conta
Ninguém mais sabe contar
E as conchinhas, todas elas
Dizem segredos ao mar.
Voa menino,
Bem alto,
Porque o azul não tem fim
Voa nas asas do vento
E faz-me voar assim.

II

Trazes na mão um pião
E nos olhos uma quimera
Que não te cabe na mão
Que olhos de mel
Os teus são
Reflectem do céu o azul
São de mel, são de mel
Bebo-os eu pela tua mão.
Trazes na mão um palhaço
Que chamaste de Pimpão
E na mão o pião
E o barquinho de papel,
E os berlindes, o cordel,
E aquele segredo só teu,
Que só a ti faz sonhar.
Aquele brinquedo escondido,
Do tamanho de uma pedrinha,
Pequena, pequenininha,
Que uma fada te ofereceu.

III

Tinha uns caracóis de ouro,
Iluminados pelo céu que tinha nos olhos.
Tinha poucos anos, muito poucos.
E tinha muitos sonhos,
Tantos que uma vida inteira e longa não teria.
Tinha nas mãos um pedacinho de papel,
Que amachucou com dedinhos pequenos:
Olha mãe, um barquinho!
Depois amachucou outra vez o papel e sorriu,
Mãe, fiz um barquinho!
A mãe não viu o barquinho e pensou,
São só três anos, não sabe fazer barquinhos.
Ele viu o olhar da mãe e pensou,
A mãe já é crescida,
Não sabe o que é um barquinho.

Texto: Maria João Martins
Fotografia: Manuel Madeira

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