terça-feira, 15 de julho de 2014

Grávidas com fome ou a vergonha de um País

Alimentar um bebé é um imperativo que talvez nenhuma sociedade não reconheça. Porque está indefeso. Porque é dependente.Porque é um bebé. Porque é o futuro. Ninguém aceita que se deixe um bebé com fome, por ser uma violência, uma desumana falta de cuidado.Mas este bebé vive nove meses numa barriga, que é de uma mãe, que se depaupera e enfraquece se não tiver alimento. A natureza fez com que a grávida primeiro forneça o bebé e só depois, do que sobra, se sacie a si própria. Mas a condição primordial é que a mãe se alimente. Se isto não acontece, entramos na miserável equação da fome, em que primeiro come o bebé, do que resta come a mãe, numa espiral de carência, com a incógnita da próxima refeição.
Não conheço forma mais perversa de diminuir a natalidade, com a agravante de que os que nascerem sob este desígnio nascem já fragilizados por carências de ordem variada, começando pela própria dificuldade de a mãe os amamentar.Não basta não nascerem crianças como ainda nascerão algumas que serão normais por mera casualidade. Sim, porque existem complicações relacionadas com défices de nutrientes, como a prematuridade, o baixo peso, o défice de visão, só para citar algumas.
Já tínhamos um país onde os velhos, os deficientes, os sem-abrigo, vivem ou sobrevivem com o apoio social desconjuntado e descoordenado ou com a solidariedade dos vizinhos.
Também já tínhamos um país onde se faz publicidade do apoio social com mais um subsídio e onde se diz que as pessoas estão pior, mas o país está melhor, como se o país fosse uma entidade abstracta, porventura sem pessoas.
Agora temos novamente um país que quer muito, muito, muito aumentar a natalidade, para que Portugal tenha futuro. Mas o futuro, esse, talvez morra de fome.
Vergonha Senhor Ministro! Vergonha Senhor Primeiro Ministro! Vergonha Senhor Presidente da República!