sábado, 3 de abril de 2010

Enfermeiros? São para abater.

Estão a ver aquelas pessoas que usam uma roupa branca, circulam pelos hospitais, centros de saúde, clínicas, etc? Não são padeiros, nem talhantes, nem esteticistas, nem cabeleireiros (estes também usam umas roupas brancas). São assim umas pessoas que parece que (também) dão injecções, às vezes fazem pensos, assim daqueles fáceis (os mais difíceis são feitos por outras pessoas que andam a aprender a ser doutores). Mas principalmente, estas pessoas, o que fazem mesmo é pensarem pouco (não estão ali para pensar), desenrascam qualquer problema que surja, quando o electricista não vem, a secretária faltou, o técnico das radiografias ou o outro que tira sangue estão de férias, mas acima de tudo, e como função principal, estas pessoas ajudam os médicos. Estas pessoas deixaram de ser profissionais competentes porque tinham assim um diploma do tipo bacharel, estão a ver? Mas para que serve um bacharel? Bolonha acabou com eles! Então vá! Vamos lá transformar estas pessoas em profissionais como deve ser! Vamos fazer deles licenciados! Assim, sim! Notou-se logo a diferença! Não nas coisas que fazem, que essas são exactamenta as mesmas. Mas pronto, nas outras, aquelas assim mais… nem sei. Portanto, dizia eu, habemus licenciatuns, abaixo os bacharéis!! Mas agora é que a coisa se complicou: ensinaram àquelas pessoas, na licenciatura, que deviam ser pagas como licenciados. Que chatice! Tínhamos nós umas pessoas de branco nos hospitais, como deve ser, a colaborar sempre que era preciso, a ajudar os doentes, e a ajudar os médicos a salvar os doentes, sem problemas nenhuns, mesmo com umas centenas de horas de trabalho em atraso, mas pronto, era preciso. E agora, lembraram-se de querer ser pagos como outros profissionais, sei lá, psicólogos, sociólogos, engenheiros, economistas, tudo pessoas com um passado reconhecido na sociedade. Mas agora estes? Vêm de onde? Qual é a universidade? De quê? Enfermagem? Ah! Pois. Pois… são enfermeiros. Pois é… é uma profissão muito linda. É preciso muita vocação! Pois… o vencimento? Temos de ver o que é que se consegue fazer. Mas… precisam mesmo, mesmo, de ter assim uma carreira tão definida? Não podiam, assim, sei lá, estarem lá no hospital e irem fazendo o vosso trabalhinho nas calmas, quer dizer, sem levantar ondas?

6 comentários:

  1. muito triste... é muito triste ver que ainda existem pessoas tão ignorantes...

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  2. (...)o outro que tira sangue?? Realmente a ignorancia abunda e mto nessa cabecinha(...)e quando precisar de um enfermeiro, vai dar o devido valor...

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  3. Acho que a Ironia da Autora passou ao lado do alvo

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  4. realmente isto é mesmo muito mal...quando estiver num hospital, sei lá, pode ser que encontre psicólogos, sociólogos, engenheiros, economistas que a saibam tratar...sei la!

    Enfermeira Paula Coutinho

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  5. Eu só não percebo no meio de tanta coisa...(absolutamente inacreditavel que voce aqui escreve) onde esta a coerencia entre dizer que sao profissionais que nao pensam muito
    (ou não são conhecidas por isso) e dizer para fazerem o trabalhinho com calma, sem levantar ondas...ou seja para fazer exactamente aquilo que estava a criticar! Existe algum raciocinio logico naquilo que escreve...e ja agora alguma base para aquilo que escreve ou faz isso mesmo so porque quer dizer alguma coisa ao mundo! Gostava mesmo que me respondesse, já que estou numa de tentaiva pacifica de perceber o que vai na cabeça das pessoas e ja agora se achar conveniente dizer-me qual a sua profissão!...Obrigado Enfermeiro Licenciado Rui Vilaça

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  6. A ironia serve, entre outras coisas, para dizer o que pensamos ou sentimos. Pode sempre ser um exercício de "espicaçar" os outros ou de criticarmos algo com que não concordamos. Este post é isso mesmo:"espicaçar" mentalidades e criticar uma forma de ver a profissão de enfermeiro que, infelizmente, ainda persiste em muitas cabeças.EU SOU ENFERMEIRA. Gosto do que faço e gosto desta profissão que abracei há quase 22 anos. Não posso, por isso, assistir a esta contínua desvalorização a que a minha profissão é votada.Veja-se o fracasso das negociações para equiparação dos enfermeiros a técnicos superiores;veja-se o papel dos enfermeiros ao substituir outros técnicos, quando eles não estão por diversas razões. Naturalmente, a expressão "o outro que tira sangue" não é depreciativa, mas todos sabemos que quando os técnicos de diagnóstico e terapêutica-ramo de laboratório e análises clínicas, estão ausentes, os enfermeiros colhem sangue. Como sabemos que quando não há técnico de radiologia no bloco operatório, os enfermeiros manuseiam o intensificador de imagem. Mais seriam os exemplos, mas de facto o importante é que se valorize esta profissão, naturalmente sem desprimor por qualquer uma das outras. Mais importante ainda, é que os enfermeiros saibam olhar para si próprios e sejam capazes de fazer uma autocrítica objectiva, ainda que por via da ironia.
    Obrigada pelos vossos comentários, continuem.
    Saudações

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